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Pesquisa aponta que violência contra mulher aumentou na pandemia
AGêNCIA BRASIL
"Eu fui casada durante 14 anos e tomei a atitude de me separar, foi muito perto da pandemia. Fui por várias vezes ameaçada fui agredida verbalmente psicologicamente matrimonialmente. E como foi numa época que todo mundo estava muito recolhido nas suas casas eu me senti muito só. Eu não tive praticamente apoio nenhum."
O depoimento é de uma mulher de 36 anos que prefere não se identificar. O relato dela não é único. Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos foi vítima de algum tipo de violência no primeiro ano da pandemia no Brasil.
Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual em 2020. É o que mostra a terceira edição da pesquisa do Datafolha “Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil”, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o levantamento, nesse período de isolamento, caiu a violência na rua e aumentaram as agressões dentro de casa. Samira Bueno, diretora do Fórum, afirma que as formas de violência são muitas vezes invisíveis. Tem a ofensa verbal, o insulto, a humilhação ou um empurrão.
A pesquisadora diz que houve uma mudança em relação às pesquisas anteriores. Sete em cada dez agressores eram pessoas conhecidas como padrasto, ex ou atual companheiro, pai, mãe, irmão, irmã, e outras pessoas do convívio familiar. As mais impactadas pela violência são as mulheres negras e jovens.
A pesquisa aponta ainda dois dados que chamam a atenção. O primeiro é que a mudança da rotina em função da pandemia também refletiu nos números. Além de passar mais tempo em casa, as mulheres passaram mais momentos de estresse.
O segundo é que as mulheres que tiveram a renda reduzida ou perderam o emprego foram mais agredidas. Samira Bueno diz ainda que 45% delas não denunciaram nem procuraram alguém para desabafar e optaram pelo silêncio.
Nesta quinta-feira, dia 25 de novembro é celebrado o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.
No Brasil, “Violência contra a mulher: sua evolução leva ao feminicídio. Observe os sinais. Denuncie”, é o tema da campanha lançada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
A campanha faz parte de um conjunto de ações dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
O Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher, é uma das principais ferramentas para iniciar o acionamento de toda a rede de proteção às pessoas em situação de violência.
O número recebeu, somente de julho do ano passado a novembro deste ano, mais de 97 mil denúncias de violência doméstica e familiar contra a mulher. Outras violações somaram mais de 24 mil casos no período.