Carille volta 'maior' ao corinthians, mas vai encontrar time a ser montado quase do zero

Valorizado, técnico é tratado como solução; desafio, porém, é maior que o da primeira passagem


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Era 22 de dezembro de 2016 quando um tímido – até assustado – Fábio Carille entrou na minúscula sala de imprensa do Parque São Jorge, sede do Corinthians, ao lado de Flávio Adauto, então diretor de futebol, e Alessandro, gerente até hoje.

 

O Carille da imagem, em seu primeiro dia como técnico de futebol, ficou para trás. Dois títulos paulistas e um brasileiro elevaram o patamar do profissional, que ganhou confiança, deixou de se intimidar com os microfones e recebeu "dois caminhões de dinheiro" para trabalhar no Al-Wehda, da Arábia Saudita.

 

De volta ao Corinthians para 2019, Fábio Carille chegará muito maior do que em sua primeira passagem – de segunda opção e "quebra-galho" passou a ser o homem que vai devolver o Timão ao caminho dos títulos depois de um segundo semestre irrelevante em 2018 (ainda que tenha chegado à final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro).

 

No entanto, é exatamente este semestre ruim que torna o desafio ainda mais duro para Carille. Mesmo com apenas seis meses fora, o técnico vai encontrar um Corinthians quase sem nenhum vestígio daquilo que ele implantou em um ano e meio de trabalho. Ou seja, terá, mais uma vez, de montar um time quase do zero.

 

Nesse tempo, entre Osmar Loss e Jair Ventura, o Corinthians virou outro time, que correu até risco de cair no Brasileirão. Abaixo, alguns problemas que Carille terá de enfrentar:

 

Ao contrário do início de 2017, quando, apesar do elenco curto, havia pelo menos um jogador graúdo por posição, Carille receberá um grupo com poucos nomes em alta. Unanimidades? Só Cássio, Fagner e Jadson. Mais Pedrinho, adorado pela torcida;

 

De novo, será preciso arrumar a cozinha. Mas com menos material humano. Henrique é o mais experiente da zaga e já foi titular com Carille, mas Léo Santos vive altos e baixos e a lateral esquerda, hoje, precisa de um reforço com urgência. Em 2017, já havia um Guilherme Arana pronto para brilhar;

 

Ainda sobre a defesa, o técnico vai precisar devolver a segurança a um setor que foi base do Corinthians nos últimos anos. À frente da zaga, Gabriel não é mais o mesmo, e Ralf, titular, já não é um menino;

 

Na criação, não há mais trocas rápidas de passes e triangulações, marca registrada das equipes de Carille. Aqui, é puro treinamento, independentemente dos nomes;

 

No ataque, fica a questão: haverá um centroavante de confiança para 2019? Se sim, Carille poderá repetir com sucesso a fórmula do título brasileiro, quando havia um inspirado Jô empurrando seguidas bolas às redes. Será preciso ir ao mercado;

 

E se o 9 não chegar? O 4-2-4 do Paulistão 2018 pode voltar? Até pode, mas, sem Rodriguinho, um "falso nove", a chance de dar certo diminui bastante...

 

Fábio Carille conhece bem o Corinthians e já sabe o que o espera, até porque nunca se desligou totalmente do clube nos meses em que viveu no Oriente Médio. Ainda que a diretoria enfrente dificuldades financeiras para contratar, a cobrança ao técnico será maior.

 

Afinal, se Carille não tinha nada a perder na primeira passagem, agora tem uma imagem de "salvador da pátria" a administrar e menos qualidade técnica à disposição no elenco. O convite aceito, independentemente do que motivou sua saída da Arábia e do salário que vai ganhar no Timão, é também um ato de coragem.

 


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