Pedra nos rins: saiba como evitar com mudanças de hábitos simples


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FORTISSIMA / FRANCINE COSTANTI

Quem já teve pedra nos rins sabe a terrível dor que essas pequenas podem causar. Os cálculos renais são cristais que se formam nos rins ou no canal urinário devido a diversos fatores, como histórico familiar, falta de água no organismo, consumo excessivo de sal ou obesidade. 

 

Como se forma a pedra nos rins?

Dr. Flávio Haruyo Iizuka: Elas se formam devido a presença de cristais na urina, que são microscópicos, e que se combinam mutuamente até serem visíveis a olho nu. Seus tamanhos variam de 1 mm a vários centímetros e esses cristais costumam provocar dores intensas. 

 

Existem vários motivos para o surgimento de cristais na urina, como a perda da solubilidade da urina por falta de água no nosso organismo (causada por falta de ingestão de água ou desidratação) ou transtorno no metabolismo, que aumenta muito a presença de certos elementos na urina, como o cálcio, oxalato, fósforo ou ácido úrico.

 

Outra razão para a formação de pedras são as más formações urinárias ou sequelas que levam à redução do fluxo da urina nos rins, como acontece, por exemplo, na doença congênita chamada estenose de JUP ou nos estreitamentos do ureter.

 

Quais são os sintomas iniciais de pedra nos rins?

Os sintomas iniciais podem ser vagos e discretos, como um leve desconforto nas costas ou alteração da cor da urina, que pode ficar com cor de chá mate ou até mesmo vermelha com sangue. 

 

Geralmente as pedras nos rins não provocam sintomas, até que um dia resolvem migrar do rim para a bexiga. Quando são grandes o suficiente para entupir o canal que comunica o rim com a bexiga – o ureter -, surge a famosa crise de cólica renal, uma dor abrupta de fortíssima intensidade, em cólica, que inicialmente dói mais nas costas e depois vai descendo na diagonal para a parte anterior do abdômen e depois para virilha e, por fim, até a região dos genitais. 

 

Durante a crise de cólica renal são frequentes os episódios de náuseas e vômitos. 

 

Qual é a primeira providência a ser tomada?

Se o paciente estiver com alguma suspeita de pedras nos rins, mas ainda não teve uma crise de cólica renal, deve procurar um urologista em consultório, que certamente pedirá um exame de ultrassom ou tomografia.

 

Se estiver em crise de cólica renal aguda deve procurar por um pronto-socorro ou marcar com urologista no consultório caso já esteja com a dor controlada. Na vigência de crise, o urologista normalmente pede direto uma tomografia.

 

Uma recomendação muito útil é que, durante a crise de cólica renal, o indivíduo deve ingerir menos líquido para reduzir a dor.

 

Com os exames citados já realizados, o urologista vai poder decidir qual a melhor providência a ser tomada, como aguardar a eliminação espontânea da pedra ou indicar algum tipo de tratamento medicamentoso ou cirúrgico.

 

Como é feito o tratamento? É necessário cirurgia?

O paciente com crise de cólica renal pode ser tratado inicialmente apenas com remédios, opção conhecida como terapia expulsiva, que tem como objetivo aguardar a eliminação espontânea da pedra com ajuda de medicamentos que dilatam o ureter.

 

Este tipo de tratamento pode ser adotado contanto que o paciente esteja com a dor controlada, crise de dor aguda não muito antiga (menos de 1 mês), sem sinais de infecção urinária manifestada por febre, calafrios ou urina fétida, e exames de sangue que comprovem que está com função renal adequada.

 

A cirurgia é necessária sempre que o especialista perceber que a saúde do paciente esteja em risco ou mesmo com risco iminente de perda da função do rim. Certas informações, como tamanho e localização em que a pedra parou no trajeto entre o rim e a bexiga ajudam bastante porque podem indicar alta ou baixa probabilidade de eliminação espontânea.

 

Felizmente, a cirurgia evoluiu muito e hoje é feita sem cortes ou furos na barriga. Trata-se de uma cirurgia endoscópica feita através de equipamentos miniaturizados que são introduzidos no corpo através da uretra (pelo pênis ou vagina) seguindo a via urinária até o ponto de obstrução, e com ajuda frequente do laser para explodir a pedra e limpar o canal completamente. 

 

Nestes casos é usual a colocação de um curativo interno conhecido como cateter duplo-J, que é temporário, não visível externamente, e que pode ou não ficar com um fio exposto nos genitais para retirada deste mais precocemente em consultório, similar ao fio do absorvente interno feminino (tipo OB).

 

O cálculo renal pode ser tratado em casa?

O cálculo renal que migrou e provoca crise de cólica renal pode ser tratado em casa contanto que a dor esteja controlada (suportável com analgésicos), que não tenha infecção urinária (febre/calafrios/urina fétida), e que não tenha comprometimento do funcionamento dos rins. 


De forma ideal, deve ser tratado em casa com supervisão e acompanhamento do urologista. O tempo de tratamento em casa não pode ser prolongado, na vigência de dor, por período superior a 30 dias, pelo risco de perder a função de um dos rins de forma irreversível.

 

A pedra pode ser expelida naturalmente sem ajuda médica?

Sim, pode acontecer a eliminação natural. Na verdade, 95% dos pacientes conseguem expelir o cálculo sem ajuda do urologista. O tempo de eliminação é muito variável, mas geralmente os pacientes com histórico de eliminação frequente de pedras são mais propensos a expelir naturalmente sem dificuldades.

 

 Depois de expelida, ela pode voltar?

Sim, pacientes que tiveram crise de cólica renal tem 50% de chance de apresentar nova crise em 5 a 7 anos. A recidiva é muito frequente. Por este motivo o acompanhamento com um especialista é tão importante, pois permite a prevenção.

 

Como evitar o aparecimento de pedra nos rins?

Deve-se ingerir ao redor de 2 litros de água por dia. Se não quiser ficar contando a quantidade de água, o paciente pode monitorar a coloração da urina: ela deve estar sempre bem clara e transparente, nunca concentrada. Deve-se evitar consumo excessivo de sal, alimentos processados, congelados e embutidos, e reduzir ingestão de carne em geral, especialmente a vermelha e miúdos.

 

Certos alimentos como queijos, vinhos, grãos (amendoim, castanhas, amêndoas) e chocolate são prejudiciais para quem tem propensão ao problema. O uso de certos medicamentos como Topiramato e vitamina C em excesso também aumenta o risco.

 

A realização prévia de cirurgia de redução de estômago aumenta muito (cerca de 3 vezes) o risco de ter pedra nos rins, e estes pacientes deveriam ter de rotina o acompanhamento preventivo com urologista.

 

É preciso mudar hábitos alimentares e praticar exercícios físicos?

Sim. Todo paciente que teve pedras nos rins deveria fazer uma investigação laboratorial com exames de urina de 24 horas que pode detectar uma determinada causa para o surgimento das pedras.

 

Depois que se sabe a causa oculta por trás da formação, tudo fica mais fácil. O urologista e o nutricionista podem então indicar uma dieta específica e os melhores hábitos alimentares para a prevenção.

 

A prática de exercícios físicos pode ser bastante positiva, pois existe associação entre sedentarismo/obesidade e pedras nos rins. Ter hábitos saudáveis, uma alimentação adequada e praticar exercícios de forma regular são ainda as formas mais eficientes e econômicas de ficar bem longe da maioria das doenças.


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